sexta-feira, 1 de maio de 2009

Espaço para o leitor!

Agora vou postar um texto explendoroso da leitora mais assídua do blog Paurioca, a Thamara.

“Primeiramente quero agradecer ao PAURIOCA por abrir espaço para este texto.

Uma necessidade: carro.

Quem trouxe ao país a necessidade pelo automóvel? Em pleno auge da esperança da eletrificação das linhas ferroviárias nosso presidente Juscelino Kubitschek financia a implantação da indústria automobilística, além de abrir rodovias pelo país. Tornando-nos reféns dessa economia frágil: o petróleo!

Criou uma necessidade que não tínhamos e atrasou o que hoje seria nossa salvação de tráfego nas grandes cidades brasileiras, o metrô. Uma ferrovia eletrificada, com baixos custos, velocidade e poucos acidentes, diríamos que é o transporte mais eficaz para atender a sociedade atual. Não sei quais os motivos de JK para levar-nos a este caminho, mas eu não faria o mesmo.

Em meados de 1940 tínhamos 35 mil quilômetros de vias férreas, mas ao invés de modernizá-las e expandi-las o governo optou por outro modo de transporte, além de usar o diesel ao invés de eletrificá-las. Acontecimentos como a Crise de 1929 e a Segunda Guerra Mundial também interferiram para a evolução da eletrificação das ferrovias.

O artigo Vias Elétricas Nacionais, do historiador Sud Menucci, publicado em setembro de 1947, demonstra que o país poderia tomar caminhos diferentes caso escolhesse a alternativa correta para seu transporte:

Convém, de vez em quando, dar um balanço nas realizações mais importantes de nosso setor de transportes, mesmo que seja para desapontar-nos, verificando que nós continuamos a passo de bicho-preguiça. E no setor, um dos ramos mais interessantes, será tomar ciência do que se anda fazendo no capítulo das estradas de ferro elétricas.
O Brasil precisaria multiplicar o número de seus quilômetros movidos por esse tipo de ração. Quando mais não fosse, por estas duas considerações ponderáveis: não temos abundância de bacias carboníferas ou pelo menos não temos jazidas em atividade industrial que nos permitam o emprego do produto nacional em larga escala e temos, por contrapartida, um patrimonio hidraulico dos mais notáveis, que já deveria estar utilizado em bem maior porcentagem que a registrada pelas nossas estatísticas.
Essas duas circunstâncias vêm sendo argumentos convincentes em outros países. Para citar somente um deles, a Suécia, que se encontra em situação mais ou menos parecida à nossa, adotou, de longa data, a política de eletrificação de suas vias férreas e vem-na mantendo inflexivelmente. O resultado é que dos 17 mil quilômetros de linhas, que é total de seu acervo ferroviário, mais de um terço se beneficia do melhoramento. E prosseguem outras obras para o programa que deve estar realizado até 1949. ¹

Toda a esperança dos engenheiros envolvidos nas ferrovias daquela época foi por água baixo após muitas interferências, e o rumo do país foi outro.

Coincidentemente em 1960 Juscelino, que havia rompido com FMI em 1959, fez com que o Brasil obtivesse do FMI um empréstimo de 47,7 milhões de dólares para financiar o seu plano industrial — sobretudo, a indústria automobilística em São Paulo

Por isso podemos dizer que essa necessidade – infeliz, por sinal -, foi muito bem financiada por um presidente que muitos aclamam, mas eu não. Espero que as pessoas deixem o comodismo de lado e pensem mais na alternativa que mais me agrada: o metrô. O uso do automóvel é supérfluo se nosso transporte público for eficaz, e ele só será se apontarmos aos políticos o que precisamos.

¹ http://www.pell.portland.or.us/~efbrazil/electro/prologo.html
² http://pt.wikipedia.org/wiki/Juscelino_Kubitschek

Por Thamara Machado.”


Muito obrigado Thamara!!! Espero que com o seu incentivo as pessoas se interessem em me enviar textos tão bons quanto o seu para que possamos sempre agregar!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário