quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O Fluxo d'água

Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2009

Você alguma vez na sua vida já parou para analisar um fluxo contínuo de água? Caso não, eu aconselho a fazê-lo. Se sim, você já imaginou o quão árduo se torna o ciclo deste fluxo?
Os rios normalmente começam em pequenas nascentes de regiões altas montanhosas ou não, e lá, daquele pequeno filete, ele já qual a sua tarefa primordial; Unir-se ao oceano! Então ele começa a enveredar seu caminho para atingir sua meta. Porém, ele nem imagina o quão árduo este caminho pode ser...
Primeiro, ele precisa passar pelas folhagens da densa selva que faz parte do seu caminho, e, muitas vezes, se enverada no solo, tornando-se assim em uma parte alimento para a vegetação. Mas, ele como tem sua meta a seguir, se faz excesso, e, como o que excede, precisa ser devolvido, então continua o seu caminho. Os animais também se valem dele para matar a sua sede, mas, novamente ele se excede ao necessário e sai em forma de urina para ao seu caminho tornar...
Então, o sol em toda a sua magnificência o exige em forma de vapor, lá, bem pertinho dele... Só que o filete se faz demais, e, precipita como chuva densa para continuar no seu árduo caminho...
E ele transmuta em rio, e, em grande enxurrada continua seguindo, mas, pedras aparecem... Ele se desvia delas, quando não consegue, ele as encobre. Desvios da sua margem primordial aparecem, mas, ele continua lá, firme e forte na sua decisão de chegar ao oceano.
Daí vem o homem com suas mega construções, fábricas, esgotos e tudo mais que eles tem, para impedir o pequeno filete de chegar ao seu objetivo!
Sem desistir, ele continua por seu caminho, poluído ou não, debilitado ou não, continua...
Algumas vezes chove “demais”, e, o pequeno filete junto com seus irmãos transbordam, e, acabam por “invadir” um espaço que era destinado a eles, mas, que agora tem casas, escolas, pessoas... E, essas pessoas choram o que excedeu, e se lamentam a Deus, Buda, Alá, ou à própria natureza pelo desastre que o pequeno filete causou, porém, a culpa não é dele e nem dos seus irmãos, a culpa é de quem colocou aqueles obstáculos a volta deles. Eles simplesmente tendem a seguir o seu caminho, independentemente do que se coloque a sua frente, eles não o fazem por mal, apenas querem alcançar a sua meta.
Enfim eles reencontram o seu caminho até chegarem a sua foz, e, se chocarem violentamente com o mar! Esse choque não passa de um abraço de saudades que eles tinham dos seus irmãos que a muito tempo já tinham completado o seu destino...
E se tornam salgados, pois, as lágrimas da alegria por reencontrar os seus depois de tão árduo e violento percurso, não podem de forma alguma ser contidas!
E assim, um ciclo está completo!
Eu sou como o filetinho que saiu lá da nascente com uma meta pré destinada, e sigo meu caminho da mesma forma.
Os que tiveram um pouco de mim, viram que eu me excedi para que um pedacinho de mim ficasse guardado para sempre dentro deles. Os que bloquearam meu caminho, por bem ou por mal, tiveram de ser desviados de algum jeito. E, se alguma vez eu transbordei, não por maldade, nem por sadismo... Foi só pelo fato de que havia muito de mim para o obstáculo que me foi colocado à frente...
Ainda não cheguei ao meu oceano, mas, quando o fizer, também explodirei de alegria, pois, vou poder reencontrar os meus... Os que chegaram antes de mim, e os que chegarão depois. E então, o nosso ciclo estará completo na sua totalidade, e só teremos a agradecer todos os frutos que tão árduo caminho nos proporcionou!

“Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura” – A única coisa difícil é compreender o quão trabalhoso foi furar a pedra...

Flávio dos Santos Ramos de Oliveira.





Eu sei que parece meio clichê, mas, é uma das declarações mais bonitas e verdadeiras que o Paurioca já criou na vida!!!

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